
“À frente do rosto dele estava
um outro rosto desconhecido
e o outro rosto não se movia.”
(O rosto atrás do rosto- Caio Fernando Abreu)
As lágrimas tornaram-se raras, não conseguia mais entender sua dor pelo que acontecia, nem sua saudade que parecia agora um bloco de pedra. Mesmo com a mágoa imensa, dessas grandalhonas, mesmo com o psicológico totalmente abalado, tão abalado que transparecia físicamente ela tentava dar forças as si mesma e seguir em frente. O amor já lhe havia sim, cortado rudemente as delicadezasda vida, dessa vez não seria diferente, afinal de contas o amor é isso mesmo: alegria e dor. O amor não se ensina na escola e nem deveria, afinal de contas como podemos falar de coisas que não podemos explicar? À sua frente uma linha piscando, o apartamento vazio, escuro e Cartola ecoando seus amores e desamores pelos cômodos. “Era uma alma velha” lembrou-se da frase de uma série, e sentiu-se assim ali parada, sozinha. Talvez essa era sua sina, aguentar as agruras da vida com um sorriso no rosto, sabe-se lá. No momento era preciso sorrir, juntar os pedaços pelo chão e esperar como Pedro pedreiro.
*Ilustração de Ben Tour
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