sexta-feira, 9 de julho de 2010

Salve Jorge
















"e me lembro das vacas
que pintei certa vez na aula de arte
e pareciam bem
e pareciam estar melhor que tudo
ali."
(Vacas na Aula de Arte- H. C. Bukowski)


Ele era um homenzinho simples, mas de uma inteligência incrível e quando entrava na sala as meninas ficavam todas em polvorosa, menos Nádia. Nádia o admirava pela sua inteligência e certa elegância, por que ele estava sempre de barba feita, cabelos arrumados e roupas bem alinhadas, bem diferente dos homens que ela costumava reparar. Jorge falava muito bem, sabia muito de tudo e Nádia achava incrível ouví-lo falando de Bauhaus e tantas outras coisas que ela também gostava e que as outras as vezes pareciam nem entender. Tempos depois deparou-se com Francisco, também um ótimo profissional, na sua área, mas falava errado e não entendia muito bem de arte. Francisco não era um homem feio, era bem apessoado, mas quando abria a boca tudo ia por água a baixo. E então Nádia sentia uma estranha saudade do profissionalismo de Jorge, sempre tão preocupado, tão polido, atencioso e adorador de arte. Mas que saudade boba, ela pensou. Um dia serei eu que estarei lá, e ela sabia muito bem do seu potêncial, por que nesse estranho mundo sempre haverá lugar para todos, cada um do seu jeito, com suas limitações mas em perfeita harmonia.



*Ilustração de Lisa Bilvik

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